Visibilização de meninas e mulheres em discursos e relatos educativos da segunda metade do século XIX em Zacatecas

Resumo

Este artigo analisa a presença de estratégias linguísticas atualmente associadas à linguagem não sexista, também conhecida como linguagem com perspectiva de gênero, que foram encontradas em discursos e reportagens educativas publicadas no Jornal Oficial do Estado de Zacatecas no período de 1868. a 1889. O objetivo geral foi explicar a que mudanças sociais essas adaptações linguísticas responderam, no entendimento de que, dado o período histórico em questão, não se pode dizer que isso se deveu a uma política linguística baseada no feminismo. A estratégia metodológica consistiu em combinar a análise historiográfica e linguística para responder à questão de pesquisa. Ao nível morfológico e lexical, foram identificadas as incidências do uso de pares femininos e masculinos (splitting), bem como o uso do genérico real ao invés do masculino genérico. Também foram encontrados casos em que o masculino genérico é usado, mas acrescenta-se a frase de ambos os sexos. Esses recursos deixam claro que os autores dos textos se referem a grupos de pessoas formados tanto por homens quanto por mulheres. Conclui-se que o uso desses recursos na escrita foi intencional, do que se infere que foi utilizado como estratégia linguística para visibilizar a presença do sexo feminino no espaço educacional da segunda metade do século XIX em Zacatecas, haja vista que a configuração desta última estava mudando, à medida que mais espaços se abriam para a educação da população feminina. Tudo isso fala de transformações importantes que foram registradas no contexto local, especificamente no que diz respeito ao acesso e integração de meninas e mulheres às instituições de ensino público.